terça-feira, 6 de setembro de 2016

MANHÃ - Luís Veiga Leitão



MANHÃ

-Bom dia. Diz-me um guarda.
Eu não ouço...apenas olho
das chaves o grande molho
parindo um riso na farda.

Vómito insuportável de ironia
Bom dia, porquê bom dia?

Olhe, senhor guarda
(no fundo a minha boca rugia)
aqui é noite, ninguém mora,
deite esse bom dia lá fora
porque lá fora é que é dia!

LuísVeiga Leitão
(in NOITE DE PEDRA, Porto, 1955)

1 comentário:

Olinda disse...

Poesia proibida,evidentemente!Abraço