Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer
Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou
Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Aquela pomba tão branca
Todos a querem p´ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti
Aquela andorinha negra
Bate as asas p´ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar
Este poema
de António Vicente Campinas é habitualmente atribuído a José Afonso,
autor da belíssima música da popular canção. Quando José Afonso publicou a
primeira edição de “Cantares” (Nova Realidade, Tomar, 1967) não indicou a
autoria do poema. Para quem tenha conhecido o Zeca, o motivo para tal
‘esquecimento’ só pode ter sido a situação de clandestinidade em que Vicente
Campinas se encontrava.
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