domingo, 11 de julho de 2021

PEDAGOGIA - Cândido Portinari

 

PEDAGOGIA

 

Elevo meus olhos aos céus, onde percebo não haver socorro.

Em desespero busco refrigério ao redor.

Ó, terra inóspita que esvai o respirar dos pulmões dos meus amados.

Sobrepuja o andar saltitante e oferece um lamaçal de morte.

Terra cujo gorjeio das aves é o prenúncio de morte e tenebrosa desgraça.

Oh terra infértil e incandescente, castiga os pés do retirante ansioso pelo repouso;

Terra que impede a lágrima que do corpo murcho coletou.

Terra ingrata que muitas mãos calejaram na labuta,

Adentrando em sua veia buscando energia para o corpo alimentar;

Amargo sabor do fel, sem doçura encontrar.

Cansado, moribundo e destituído do prazer simples de viver.

Tu terra ingrata, zomba do meu desejar;

O sol repousa e levanta a noite agourenta, olhos ainda elevados aos céus;

Ouve o clamor deste sofredor, Terra da desesperança!

De coração ardente e ansioso, sangra a preciosa esperança;

Perseguidor da vida, vulgo retirante, alma quebrantada a sussurrar;

Não permita que`u morra sem a herança do bom viver alcançar.

 

 Cândido Portinari



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