Os nomes novos
Na primeira manhã da revolução
todos os nomes mudaram. As tuas mãos
eram pássaros os teus braços asas
os teus lábios átrios de canções que
sobrevoavam
alegrias irrecusáveis. Os milagres
sucediam-se
sem qualquer comando divino. Os desapossados
de tudo eram providos da maior esperança. As
flores
não murchavam. Os peixes multiplicavam-se
na brasa diária dos afetos. Nas manhãs
seguintes
acordávamos sempre à espera da queda
de mais um velho costume repressivo. A garganta
habitava todas as palavras que lutavam
contra os velhos saberes quantitativos
que só perguntavam quantos dólares tem um
lucro
ou quantos litros tem um almude. Trocámos o
nome
das praças das pontes e das avenidas. Levantámos
as cabeças curvadas com vozes ao alto. A Utopia
do Bem e da Esperança invadia-nos o peito
e nenhuma morte se atrevia a silenciar
este novo país contaminado de Futuro.
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