sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Um dia de peste e rancor (poema de urgência de Vicente Zito Lema)

"Se disparassem mais a matar, país estava mais na ordem"

declarações do líder parlamentar do Chega

Um dia de peste e rancor

(poema de urgência de Vicente Zito Lema

 

Um dia gritaram de cara al sol

“Viva la morte”

E a luz fez-se escura / como escuro

é o sangue ...

 

Uma noite escreveram nas paredes

“Viva o cancro”

e a dor foi tão grande / tão espessa

que os corpos ficaram sem alma

 

Hoje vão a praças / ao obelisco

festejando

com bocas cheias de rancor

para que a Peste (há sempre uma peste...)

se pegue aos corpos de uma vez por todas aos

mais velhos

mais fracos

com mais fome

mais nus

 

Para que a Peste (há sempre uma peste...)

Seja como um rio que transborda

Que não vê / não sente / não perdoa

Tão natural e cruel como a morte...

Vicente Zito Lema

Un día de peste y rencor

(poema de urgencia de Vicente Zito Lema)

Un día gritaron de cara al sol
“Viva la muerte”
Y la luz se hizo oscura / como oscura
es la sangre…

Una noche escribieron por los muros
“Viva el cáncer”
y el dolor fue de tanto dolor / de tanta espesura
que los cuerpos quedaron sin alma

Hoy van a unas plazas / al obelisco
en plan de festejo
con bocas alzadas de rencor
para que la Peste (siempre hay una peste…)
se lleve de una buena vez a los cuerpos
más viejos
más débiles
más con hambre
más desnudos
Para que la Peste (siempre hay una peste…)
Sea como un río que se desmadra
Que no mira / no siente / no perdona
Tan natural y cruel como es la muerte…

Vicente Zito Lema

17 de agosto de 2020, día que, humillando el recuerdo de San Martín, y en perverso uso de la palabra Libertad, el fascismo convocó a celebrar

Sem comentários: