terça-feira, 30 de abril de 2019

Hino Intersindical


Hino Intersindical

Operários vanguarda do povo
Camponeses que a terra lavrais
Libertai-vos do jugo para sempre
É o povo quem vós libertais!
Unidade unidade unidade
No Trabalho contra o Capital
Camaradas lutemos unidos porque é nossa a vitória final!


Norte a Sul vinde trabalhadores
Pescadores não fiqueis para trás
Avançai sem medo da luta
Pelo pão, pelo trabalho, pela paz
Unidade unidade unidade
No trabalho contra o Capital
Camaradas lutemos porque é nossa a vitória final!

segunda-feira, 29 de abril de 2019

TESTAMENTO (2) - Pablo Neruda



XXIV

TESTAMENTO (2)

Deixo meus velhos livros, recolhidos
em rincões do mundo, venerados
em sua tipografia majestosa,
aos novos poetas da América,
aos que um dia
fiarão no roufenho tear interrompido
os significados da amanhã.

Eles terão nascido quando o agreste punho
de lenhadores mortos e mineiros
tenha dado uma vida inumerável
para limpar a catedral torcida,
o grão descomposto, o filamento
que enredou nossas ávidas planícies.
Toquem eles inferno, este passado
que aplastou os diamantes, e defendam
os mundos cereais de seu canto,
o que nasceu na árvore do martírio.

Sobre os ossos de caciques, distante
de nossa herança atraiçoada, em pleno
ar de povos que caminham sozinhos,
eles vão povoar o estatuto
de um longo sofrimento vitorioso.

Que amem como eu amei meu Manrique, meu Góngora,
meu Garcilaso, meu Quevedo:
foram
titânicos guardiões, armaduras
de platina e nevada transparência,
que me ensinaram o rigor, e busquem
em meu Lautréamont velhos lamentos
entre pestilenciais agonias.
Que em Maiakovsky vejam como ascendeu a estrela
e como de seus raios nasceram as espigas.



XXIV

TESTAMENTO (2)

Dejo mis viejos libros, recogidos
en rincones del mundo, venerados
en su tipografía majestuosa,
a los nuevos poetas de América,
a los que un día
hilarán en el ronco telar interrumpido
las significaciones de mañana.

Ellos habrán nacido cuando el agreste puño
de leñadores muertos y mineros
haya dado una vida innumerable
para limpiar la catedral torcida,
el grano desquiciado, el filamento
que enredó nuestras ávidas llanuras.
Toquen ellos infierno, este pasado
que aplastó los diamantes, y defiendan
los mundos cereales de su canto,
lo que nació en el árbol del martirio.

Sobre los huesos de caciques, lejos
de nuestra herencia traicionada, en pleno
aire de pueblos que caminan solos,
ellos van a poblar el estatuto
de un largo sufrimiento victorioso.

Que amen como yo amé mi Manrique, mi Góngora,
mi Garcilaso, mi Quevedo:
fueron
titánicos guardianes, armaduras
de platino y nevada transparencia,
que me enseñaron el rigor, y busquen
en mi Lautréamont viejos lamentos
entre pestilenciales agonías.
Que en Maiakovsky vean cómo ascendió la estrella
y cómo de sus rayos nacieron las espigas.


sexta-feira, 26 de abril de 2019

Um Jovem Camarada - Alberto de Serpa

Um Jovem Camarada



Meu Camarada moço,
— Lidos os teus poemas,
Dizer-te que não temas
Dar-lhes fogo, a morte, o esquecimento,

 

Se queres a Poesia, vai para ela
Puro, desnudo, de ímpeto violento,
Como para a mulher
Em que parou teu sonho, — se és o seu.

Vai, como ela te quer.
 

Mas se outra chama inflama o teu amor,
se outro sonho tão belo te rendeu,
Tem a coragem nobre de depor
Os versos que não são teu instrumento.
Toma outras armas mais condizentes.

 

Não, a Poesia não a violentes!
Deixa os versos ao vento ...

 
Alberto de Serpa

quinta-feira, 25 de abril de 2019

O madrugar de um sonho - Joaquim Frederico/Carlos do Carmo


 Carlos do Carmo

O madrugar de um sonho

Sonhei ...
Que já madrugada
Viera a razão armada
Pra defender a cidade ...
Olhei ...
E vi que este nosso povo
Levantara-se de novo
Aos vivas á liberdade
Depois ...
E já de janela aberta
Ouvi um bradar "Alerta"
E o eco, pela rua fora
Gritou ...
Para dizer com razão pura
Que uma era de tortura
Terminava áquela hora!
Julguei ser um sonho
Mas foi realidade
E ás vezes suponho
Que não foi verdade!
Mas se alguém disser
"Não" á liberdade
Eu posso morrer
Mas não é verdade!
Saí ...
E vi uns homens libertos
Todos de de braços abertos
Todos a pedir justiça!
Alguns ...
Já de saúde perdida
E com metade da vida
Em prisões de luz mortiça!
Ouvi ...
Milhões de palmas e brados
Trabalhadores e soldados
Vivento a mesma euforia
Senti…
Que havia um Portugal novo
Vi tão alegre o meu povo
Que até chorei de alegria!
Julguei ser um sonho
Mas foi realidade
E ás vezes suponho
Que não foi verdade!
Mas se alguém disser
"Não" á liberdade
Eu posso morrer
Mas não é verdade!
Mas se alguém disser
"Não" á liberdade
Eu posso morrer
Mas não é verdade!


O madrugar de um sonho.
Letra e música: Joaquim Frederico