terça-feira, 16 de abril de 2019

"A esperança das estações" - Carlos de Oliveira


"A esperança das estações" 

PRIMAVERA

Chegou Abril de novo, tristemente, que a Terra vai cansada de ter flores... Mas sinto até na primavera ausente a primavera humana destas dores!

ESTIO

Porque trazes, também, a luz da esperança? Que véu de fogo nos teus ombros arde? Acha de sol no frio das crianças, chama da Terra no cair da tarde...

OUTONO

Se eras a flor da morte, em oiro velho,
que António Nobre foi colher na haste,
donde te veio este fulgor vermelho
que aos seus olhos tristíssimos negaste?

INVERNO

Anoiteceu nos poetas, noite e cruz
da solidão que a todos nos desterra.
Ó cegos dos abismos, inda há luz
nos homens simples, esse luar da Terra!



38 - Uma das composições que melhor ilustram este princípio é "A esperança das estações" (Terrade Harmonia, pp. 56-7) de que apenas sobreviverá o terceiro poema em Trabalho Poético:


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