Para todos aqueles que se deram na
luta contra o fascismo
no rigor da clandestinidade
As ruelas de terra batida
ocultaram a minha partida.
O negrume da noite tragou-me
numa cúmplice fuga.
Uma sombra furtiva e sem nome
que do rosto uma lágrima enxuga.
Em redor, o silêncio pesado
dos malteses do medo e do espanto
e os rafeiros rosnando ao cajado
que à distância mantém o levanto.
Chego, enfim, à estrada deserta.
Doravante, o caminho é obscuro.
E assim vou, de sentidos alerta…
E assim vou esventrando o futuro…
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 18 de Março de 1997.
Nasceu
em Viana do Alentejo a 20 de Julho de 1937 onde reside; tem vasta obra poética
publicada: “arestas vivas”, 1980, “sortilégio”, 1986, “tempos do verbo”, 1990,
“vivo e desnudo”, 1996, “Nós Poesia…” (em parceria com Lisete Abrahão), 2002 e
“instante nudez”, 2005. Sob chancela da edium editores publicou em 2008 o
título “Da Humana Condição” e como co-autor na “II Antologia Amante das Leituras”, 2008. Está a traduzir para esta
chancela “Por terras de Portugal e Espanha” da Miguel de Unamuno e “Selecta
Poética” de António Machado.
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