domingo, 12 de janeiro de 2020

Como lobos de súbito - Daniel Filipe



Como lobos de súbito





Como lobos de súbito
irrompem na planície citadina
carregados de morte


Seu nome é violência
Trazem nas mãos mortíferos sinais
e de órbitas vazias


caminham em silêncio
envoltos na terrível solidão
do crime encomendado


Marginam as esquinas
escondem o rosto sob aço liso
dos negros capacetes


e anónimos ocultos
pela espessa cortina de ódio e névoa
como robots avançam


A morte engatilhada
espera o momento de partir Agora
Cumpra-se o ritual


Uma voz grita Viva
a liberdade O coro lhe responde
pontuados de tiros


Canalhas Temos fome
Arranquemos as pedras da calçada
Ó meu amor resiste


Resiste os olhos secos
Sem lágrimas Sem medo Só talhada
no sílex da ira


Pronta a dar corpo ao sonho
e entanto testemunha do martírio
companheira e amante


De mãos dadas cantando
abrimos flores às balas assassinas
merecemos a vida


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