quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

PSICANÁLISES - Afonso Duarte

 

Ereira 01-01-1884  —  Coimbra 05-03-1958

 

PSICANÁLISES


HOJE

Podem encher-me os punhos de grilhetas
Ou pregar numa cruz a vida minha;
Não é canto propício de poetas
O velho medo que guarda a vinha.

ONTEM

O antigo é a doença que eu mais detesto;
É viciar o que já foi virtude!
O tornar ao passado é sempre um resto,
Ou, pior, uma falta de saúde.

EXÍLIO

O branco é gesso, é cal para as ossadas,
E eu não lhe encontro asseio de alegria;
Caiei por isso a rosa-alexandria
Minhas quatro paredes exiladas.

Afonso Duarte
(1884-1958

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