quarta-feira, 22 de maio de 2024

RESSONÂNCIAS - Luís-Cláudio Ribeiro


RESSONÂNCIAS


A madrugada chegou ainda era noite

e abriu as pálpebras para a liberdade.

 

Às janelas assomaram os primeiros rostos

visitando o bulício da rua

que encheu subitamente

o sangue de novidade.

 

E depois a manhã por inteiro veio

- do resto da noite ocular –

transformar-se em caule

que alimentará o tempo a vir

e muitas canções.

 

E vou,

que a calçada é agora

as sobras de duas noites

onde, sem esforço, escolho uma:

a mais breve e nítida

como o fim de um clarão.

 

E já no centro da praça

- que é mais carne que pedras –

dou o primeiro beijo sem medo

apenas corpo para outro dia

 

em liberdade

 

Luís-Cláudio Ribeiro

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