A OLIVEIRA, FOI UMA VEZ..
A oliveira foi uma vez um bosque verde.
Foi, amado, e o ceio
um bosque azul.
Que os fizera mudar esta tarde?
Detiveram a camioneta dos operários a meio do caminho.
(Tranquilamente)
Durante algum tempo, o meu coração foi um passarinho
azul.
Ó ninho do meu amado!
Comigo, brancos de todo os teus panos
foram, meu querido...
Que pude lavá-los esta tarde?
Porque eu nada entendo.
Retiveram o camião dos operários no meio do caminho.
(Tranquilamente)
E puseram-nos olhando para o Oriente.
(Tranquilamente)
Tens todas as minhas coisas:
a claridade, a sombra,
o anel de casamento, o que desejares,
o vale de oliveiras e figueiras.
Pela janela, penetrando no teu sonho,
achegar-me-ei junto a ti como todas as noites
e arremessar-te-ei um cravo.
Mas, não me repreendas se demoro um bocado,
pois me detiveram...
O olival estava sempre verde
(Estava, meu amado)
Mas, cinquenta vítimas
tornaram-no uma poça vermelha à tardinha.
Cinquenta, meu amado...
Mas, não me repreendas:
Assassinaram-me...
Assassinaram-me...
Assassinaram-me...
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