CARREGADORES
A pena que
me dá ver essa gente
Com sacos sobre os ombros, carregadíssima!...
Às vezes é meio-dia, o sol tão quente,
E os fardos a pesar, Virgem Santíssima!...
À porta dos
monhés*, humildemente,
Mal a manhã desponta a vir suavíssima,
Vestindo rotas sacas, tristemente
Lá vão 'spreitando a carga pesadíssima...
Quantos,
velhinhos já, avós talvez.
Dez vezes, vinte vezes, lés a lés
Num dia só percorrem a cidade!
Ó negros!
Que penoso é viver
A vida inteira aos fardos de quem quer
E na velhice ao pão da caridade...
*Monhés –
lojas de comerciantes indianos (ou mestiço de indiano com negro).
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