quarta-feira, 16 de abril de 2025

IGNAZIO BUTTITTA - Não me deixes só

Non mi lasciare solo

Não me deixes só

Ouve-me, falo-te esta noite

 e parece-me falar ao mundo.

 

 Quero dizer-te que não me deixes só

 nesta estrada longa sem fim

e tem os dias curtos.

 

Quero dizer-te

que quatro olhos vêem melhor,

que milhões de olhos vendo mais longe,

 e que o peso dividido sobre os ombros torna-se leve.

 

Quero dizer-te

que se te apoiares em mim e eu me apoiar a ti

 não podemos cair

mesmo que a tempestade nos siga em rajadas.

 

Os pássaros voam em bandos, cantam em bandos,

um canto só é lamento e morre no ar.      

 

Não abaixes os olhos, quero-te amigo á mesa;

e não é verdade, que sejamos diferentes

estendo-te os braços e chamo-te de irmão...

 

Irmão eu sou e companheiro

 dobrado para arrancar os espinhos que ensanguentam os pés:

 irmão e companheiro levantados para rasgar as nuvens

e apagar o relâmpago:

 irmão e companheiro

 

Um não conta,

nascemos para cantar juntos

e não deixar um legado de lágrimas repito de lágrimas.

 

morres e ficas nadando

no leito do rio que desagua no mar,

na cama que conta a história de todos os tempos

 

E serão dias como estes: com nascer e sol

os galos que cantam, as árvores que florescem,

homens na terra e biliões de estrelas no céu.

 

Dias assim: com a luz nas ruas,

as mesas postas, as crianças brincando,

 e o amor nas camas com boca de cordeiro e de lobo.

 

Dias assim: contigo e comigo

com outros nomes para consultar livros,

experimentar, julgar os vivos e os mortos

se eles merecem... se nós merecemos o perdão...

 

 

Perdão pelas guerras em cadeia, pelos massacres

para Hiroxima queimada,

para os poetas de tiro.

 

Perdão para as câmaras de gás

pela injustiça codificada,

para os infames iluminados no paraíso da terra,

para Cristo na cruz e o carrasco no altar.

 

Estou-me confessando

Quem me absolve?

Quem te absolve?

 

História não,

se pudermos fazer a paz da guerra,

chorando alegria,

liberdade escravidão,

odeio amor

e não o fazemos.

 

Na história, não

Se pudermos derrubar as paredes de pedra óssea

que levantamos todos os dias com as mãos sujas,

tu e eu, com as mãos sujas, e não o fazemos.

IGNAZIO BUTTITTA


Non mi lasciare solo
Ascoltami, parlo a te stasera
e mi pare di parlare al mondo.

Ti voglio dire di non lasciarmi solo
in questa strada lunga che non fìnisce mai
e ha i giorni corti.

Ti voglio dire
che quattro occhi vedono meglio,
che milioni d'occhi vedono píú lontano,
e che il peso diviso sulle spalle diventa leggero.

Ti voglio dire
che se t’appoggi a me e io mi appoggio a te
non possiamo cadere
nemmeno se la bufera c'insegue a ventate.

Gli uccelli volano a stormo, cantano a stormo,
un canto solo è lamento e muore nell'aria

Non abbassare gli occhi, ti voglio amico a tavola;
e non è vero mai che sei diverso da me
che allungo le braccia ti chiamo fratello.

Fratello ti sono e compagno
curvato a strappare le spine che insanguinano i piedi:
fratello e compagno alzato a lacerare le nuvole
a spegnere i lampi:
fratello e compagno
se scoppiano i tuoni e trema la terra,
se spunta il sole e l'abbraccia

Uno non fa numero,
siamo nati per cantare assieme
e non per lasciare eredità di lacrime repítío di lamenti.

Si muore e si resta a nuotare
sul letto del fiume che scivola a mare,
sul letto che racconta la storia di sempre

E saranno giorni come questi: con l'alba e il sole
i galli che cantano gli alberi che fioriscono,
gli uomini in terra e miliardi di stelle nel cielo.

Giorni come questi: con la luce nelle strade
le tavole imbandite, i bambini che giocano,
e l'amore nei letti con la bocca di agnello e di lupo.

Giorni come questi: con te e con me
chiamati con altri nomi a consultare libri,
a sperimentare, a giudicare i vivi e i morti
se meritano…se meritiamo perdono.

Perdono per le guerre a catena, per le stragi
per Híroshima bruciata,
per i poeti fucilati.

Perdono per le camere a gas
per l'ingiustizia codificata,
per l'infemo acceso nel paradiso della terra,
per Cristo in croce e il boia all'altare.

Mi sto confessando
Chi mi assolve?
Chi ti assolve?

La storia no,
se possiamo fare la guerra pace,
il pianto gioia,
la schiavítú libertà,
l'odio amore
e non lo facciamo.

A storia no
Se possiamo abbattere i muri di pietra d'ossa
che innalziamo ogni giorno con le mani lorde,
tu e io, con le mani lorde, e non lo facciamo .


da - pensierisinistri.ilcanno
cchiale.i

Sem comentários: