quinta-feira, 24 de abril de 2025

ESCULTOR O TEMPO - Manuel Veiga

 

ESCULTOR O TEMPO

 

Escultor de paisagens o tempo.

E estes rostos, onde me revejo.

E as mãos, arado.

E os punhos. E luta erguida…

Sons de fábricas que morrem

Perdidas na voragem dos dias

 

Infecundos. E do lucro

Sem fronteiras.

 

E, no entanto, esta torrente

E esta fonte que desce em cascata de palavras

Verbo que se faz carne. E ferve

No peito a latejar

Rubros cravos

E bandeiras..

 

Nada é definitivo quando a rocha

Se abre ao fogo. Nem a Revolução é um feito

Inacabado. Mas antes um horizonte aberto

A oferecer-se em cada tempo…

Sonho sempre novo

Em cada gesto

Logrado…

 

Qual poema sinfónico

A arder por dentro. Passo a passo

Numa cadência sem idade…

E este aguilhão e este alvoroço

E o rosto magoado deste Povo

A prescrever um tempo novo

Letra a letra

Liberdade.

 

Viva o 25 de Abril...

 

Manuel Veiga

 

Sem comentários: