ESCULTOR O TEMPO
Escultor de paisagens o tempo.
E estes rostos, onde me revejo.
E as mãos, arado.
E os punhos. E luta erguida…
Sons de fábricas que morrem
Perdidas na voragem dos dias
Infecundos. E do lucro
Sem fronteiras.
E, no entanto, esta torrente
E esta fonte que desce em cascata de palavras
Verbo que se faz carne. E ferve
No peito a latejar
Rubros cravos
E bandeiras..
Nada é definitivo quando a rocha
Se abre ao fogo. Nem a Revolução é um feito
Inacabado. Mas antes um horizonte aberto
A oferecer-se em cada tempo…
Sonho sempre novo
Em cada gesto
Logrado…
Qual poema sinfónico
A arder por dentro. Passo a passo
Numa cadência sem idade…
E este aguilhão e este alvoroço
E o rosto magoado deste Povo
A prescrever um tempo novo
Letra a letra
Liberdade.
Viva o 25 de Abril...
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