2º Poema da
Cidade
Há de tudo nesta sossegada e
hospitaleira cidade
Contando é evidente com os artigos
importados
desde cintas dernier cri da Rue de
la Paix
para uso de damas ventrudas da alta
sociedade
passando pelos três sorrisos da
menina Sagan
e a filosofia de monsieur Jean-Paul
Sartre
até ao oriental vírus “A-Sigapura
I-57”.
Os peões caminham pela direita como
foi estabelecido
muito bem comportados muito
fantasmas líricos
conformados com a pacífica vida
quotidiana.
Os que não resistem ao clima dão
dentadas na alma
o que em nada prejudica o singular
sossego da cidade.
Tudo se passa tudo acontece muito
liricamente
como convém a um país de sol à
beira-mar plantado.
As pessoas morrem de morte puramente
natural
exceptuando um ou outro inadaptado.
A cidade continua a ser muito
própria para turistas.
Em: “Camaleões e Altifalantes”
(1963)
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