Já não havia mais ninguém para reclamar…
Um dia vieram e levaram o meu
vizinho que
era judeu.
Como não sou judeu, não me
incomodei.
No dia
seguinte, vieram e levaram
o meu
outro vizinho
que era
comunista.
Como não sou comunista,
não incomodei.
No terceiro
dia vieram e levaram o meu vizinho católico.
Como não sou católico,
não me
incomodei.
No quarto ia,
vieram e levaram-me;
Já não havia mais ninguém para reclamar…
1933 (símbolo
da resistência ao nazismo)
E porque
não dissemos nada…
Na primeira
noite, eles
aproximam-se
e colhem uma flor
do nosso jardim.
E não
dizemos nada.
Na segunda
noite, já
não se escondem,
pisam as flores,
matam o nosso cão.
Nada dizemos.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra
sozinho em casa,
rouba-nos a lua,
e, conhecendo o nosso
medo,
arranca-nos a voz
da garganta.
E porque
não dissemos nada,
já nada podemos dizer.
(1893/1930)
Como eu não me importei com
ninguém
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei
com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns
operários
Mas não me importei
com isso
Eu não era operário
Depois prenderam
os miseráveis
Mas não me importei
com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram
uns desempregados
Mas como tenho emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com
ninguém
Ninguém se importa comigo.
(1898-1956)
2 comentários:
A versão de Niemöller já a conhecia e a de Brechet, também.
A outra não, mas também não conhecia o Poeta que, pelo nome, suponho que seja russo.
Uma verdade dita de formas diferentes e pensada da mesma forma.
Obrigado pelas visitas.
Basta clicar no nome do poeta e vai ter à wikipedia.
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