LUTA
DE CLASSES
Estava
o rei lavando os pratos
Depois
de enxugar os garfos.
A
rainha dava tratos aos móveis
Vasculhava
a sala, a copa e o salão
Deixando
aos principezinhos a tarefa
De
encerar o chão
Enquanto
a criada na varanda
Deitada
numa rede de fina contextura
Lia
um livro de aventura
Quando
entrou um rei vizinho
De
um reinado bem maior
E
bem baixinho, bem baixinho
Ofereceu
à criada
Um
emprego melhor.
1/1/1949
3 comentários:
Só mesmo Millôr Fernandes sabia satirizar a sociedade deixando-nos a sorrir, de bem com burgueses e operários!
Que tal trazer aqui, um dia, o Poema Matemático? :)
Boa semana!
Janita: https://voarforadaasa.blogspot.com/2017/10/poesia-matematica-millor-fernandes.html
Fui lá ler e relembrar. Obrigada.
«E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo,
Uma Unidade. Era o Triângulo,
chamado amoroso...»
Quando se forma um triângulo, fica tudo estragado! :)
Não me canso de ler este poema incrível.
Sabe que já o seguia há imenso tempo e depois perdi-lhe o rasto?
Aconteceu numa 'visita guiada' pelo Rogério Pereira do 'Conversa Avinagrada', ao «Sítio dos Desenhos».
Boa noite.
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