A Palestina
segundo Heródoto
Falta-nos a permissão para narrar.
Edward W. Said
O
oposto do amor não é o ódio, é a indiferença.
Elie Wiesel
A Palestina segundo Heródoto
I
Jerusalém
Um autista é um homem livre,
livre num certo firmamento de jaula
Eyad al-Hallaq corria mas não era culpado
era na cozinha aluno da nobre arte da mesa,
não era inimigo, não era culpado, era palestiniano.
Todos os inimigos sob os nossos pés enterrados.
“Não os podemos deixar levantar a cabeça”, Tzahal.
Todos os homens que correm são culpados.
Olho por olho, dente por dente,
olho a mira desta mag, estou pronto.
Fugir é ter culpa, não obedecer é ter culpa.
Todos os caminhos estão bloqueados.
Tão só o trauma, alivia o tormento de quebrar o
silêncio
ou acidente na saliência da memória.
Este é muro que relembra um espelho
a cicatriz encoberta, que enquadra a paisagem,
circunscreve a água, invade e cerca a casa,
um labirinto, um gueto ou o apartheid.
André Luís
Alves
Nasceu
em 1987 em Lisboa. Mestre em Engenharia Física pelo IST. Trabalhou em
investigação no CERN, Suíça e em Telecomunicações em Lisboa e Roma. Em 2017,
deixou o seu trabalho e decidiu ser repórter. Viveu na Ucrânia, Inglaterra e
Itália, e viajou pelo Senegal, Marrocos, Turquia e Irão. Publica poesia desde
2015, em várias revistas sobretudo na Apócrifa. Trabalha como fotojornalista
freelance para o Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF Freelance
Photojournalism
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