sábado, 24 de fevereiro de 2024

Largada - Sebastião da Gama



Largada

Ai a tão rara, fugitiva,

Certeza de vencer!...

Não me falem de Esperança! Quero é esta

Decisão nas palavras e nos passos. 

 

Navios, verdes de limos nas amarras, arrancai

Do cais dos meus sentidos!

Em mim não haja agora nem um

Que não seja bandeira desfraldada

Ou vela de navio.


 Meus mais longínquos pensamentos,

 Soltem-se ao claro Sol desta certeza.

 vinquem de Acção e Vida o ar da noite.

 

 Ao Mar!, ao Mar!,

 Com um peso de ferro atado aos pés,

 o cadáver já podre

 de meus desânimos inglórios!

 

 E eu, verdadeiro, surja,

 Sorrindo a todos o vão desaire.

 Rasguem velas, os mastros estilhacem,

 quantos ventos vierem.

 Verdadeiro por fim, cá vou.

 Nem um momento só,

 Largo das mãos meu leme de certeza.

 

_Ah!, conquistado a golpes de coragem!,

Ah!, ganho como prémio o que é bem meu

Por direitos legítimos de Moço!


Sebastião da Gama

(in Cabo)


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