Amostra sem
valor
Eu sei que o meu desespero não
interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível;
com ele se entretém
e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade
é mais gente
do que eu,
sei que
o Mundo é maior
do que o bairro
onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.
sei que
as dimensões impiedosas da Vida
ignoram todo
o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância,
gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com
nebulosas e tudo.
1968
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