quinta-feira, 18 de junho de 2020

Amálgama - Roberval Pereyr

Amálgama


O exercício da mentira
assevera-nos o rosto;
petrifica-nos o busto
e engrandece-nos a ira.

O exercício da mentira
engrandece-nos as posses;
ajoelha-nos em preces
sob o teto das igrejas.

O exercício da mentira
faz-nos fortes barulhentos;
tece grandes pensamentos
para encher-nos de amarguras.

O exercício da mentira
faz-nos lúcidos, divinos;
torna os animais humanos
e torna os deuses caninos.

O exercício da mentira
(por que tamanha maldade?)
concedeu-nos - que loucura! -
o exercício da verdade.


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