quinta-feira, 9 de setembro de 2021

A morte - Pablo Neruda

 

A morte

 

Povo, aqui decidiste dar a tua mão

ao perseguido operário do pampa, e chamaste,

chamaste o homem, a mulher, a criança,

há um ano, até esta praça.

E aqui caiu teu sangue.

No meio da pátria foi vertido,

em frente ao palácio, no meio da rua,

para que todo o mundo o visse

e não pudesse limpá-lo ninguém,

e ficaram suas manchas vermelhas

como planetas implacáveis.

 

Foi quando mão e mão de chileno

alongaram seus dedos pelo pampa,

e com o coração inteiro

iria a unidade de suas palavras:

foi quando ias, povo, a cantar

uma velha canção com lágrimas,

com esperança e com dores:

veio a mão do verdugo

e empapou de sangue a praça!

 

Pablo Neruda

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