O TEMOR E O ORGULHO
-
Bom-dia,
amigo
– disse o Temor
ao Orgulho
– então
que
tal
se sente esta manhã?
- Muito
cansado
– respondeu o Orgulho,
sentando-se à beira
da estrada,
e enxugando a testa
coberta
de suor.
– Os políticos
extenuam-me, à força
de se servirem de mim
para
exporem as suas
ignóbeis acusações,
quando
podiam, muito
bem,
recorrer
a um
cacete.
E o Temor
respondeu, soltando um
suspiro
de simpatia:
- Pois
eu
estou numa situação
bastante
igual
à sua.
Em
vez
de utilizarem uns binóculos,
é por
meu
intermédio
que
observam os actos dos seus
adversários.
E iam os dois
resignados escravos
juntar
as lágrimas,
quando
lhes
chegou ordem
de retomarem o serviço,
porque
um
dos partidos
políticos
acabava de eleger
um
gatuno
para
seu
chefe,
e preparava-se para
celebrar
uma
reunião
comemorativa do acontecimento.
Ambrose Bierce
(de Fábulas Fantásticas,
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