quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

À memória de Paul Éluard




Alexandre O’Neill      Paul Éluard
                        
 À memória de Paul Éluard 

Estudaste a bondade aprendeste a alegria
Iluminaste a
noite com a estrela
E o
desejo com a necessidade
Comunicativo bom inteligente
Soubeste
sofrer sem destruir a vida
Sem chamar pela morte
Soubeste vencer o íntimo lazer
As absurdas
manias que a solidão instala
No
coração virado na cabeça perdida
Soubeste mostrar o mais secreto amor
Numa
alegria feroz perfeita pública
Capaz de provocar o ódio e a ternura
Em todas as frentes que por ti passavam
Contra-atacaste repelindo o
mal
Com pesadas perdas para o inimigo
E na miséria que subia aos rostos
Puseste a
nu a resistência a esperança
E
um futuro sorriso
Enquanto velhas feridas se fechavam
Tua
poesia abriu-se e hoje é comum
E
transparente como os olhos das crianças
Hoje é o pão o sangue e o direito à esperança
À
esperança que é «um boi a lavrar um campo»
E
que é «um facho a lavrar o olhar»
Andaste triste mas não foste a tristeza
Sofreste
muito mas não foste a dor
Amaste
imenso e eras o amor
Cantaste a beleza proferiste a verdade
Encontraste
não uma mas a razão de ser
Compreendeste a
palavra felicidade
E numa extrema juventude e sob o peso
Precioso da simplicidade
Tudo disseste
Disseste o que devias dizer.

In No
Reino da Dinamarca

Sem comentários: