Canta, cantor esquecido, tuas valsas
de angústia!
Aqui o canto de bar,
onde vêm parar os que serão
suicidas,
gente de todas as nações falando
todas as línguas,
emigrados de todos os países.
Aqui o canto de bar
onde ancorou o jogador arruinado
e as mulheres que perderam o número
dos amantes
e os moços que sonharam vidas que
não puderam ter.
Onde cantores esquecidos cantam
valsas lentas e antigas
que trazem a recordação de lares
despedaçados.
Onde vieram parar os maltrapilhos
perdidos para sempre
e onde as valsas cantadas por vozes
arrastadas,
que lembram multidões de coisas,
já não trazem a mínima saudade.
Aqui onde se sabe indiferentemente
que o homem saído há pouco
estendeu a corda e se enforcou na
escada.
Aqui onde se joga tudo sem interesse
porque já não há nada para jogar.
É o canto soturno
onde não entra sol nem lua.
Janelas fechadas, só fumo e luz
vermelha.,
mulheres de todas as raças de
cabelos desgrenhados.
Aqui o canto de bar
onde veio parar o lixo de todas as
nações.
(Todos que estavam a mais nas
cidades e nos lares...)
Canta, cantor esquecido, tuas valsas
de angústia!
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