Luiz Vaz de Camões
Não sou um tempo
ou uma cidade
extinta.
Civilizei a língua
e foi reposta em cada
verso.
E à fome,
condenaram-me
os perversos e alguns
dos poderosos. Amei
a pátria injustamente
cega, como eu, num
dos olhos. E não pôde
ver-me enquanto vivo.
Regressarei a ela
com os ossos de meu
sonho
precavido? E o idioma
não passa de um poema
salvo da espuma
e igual a mim, bebido
pelo sol de um país
que me desterra. E
agora
me ergue no Convento
dos Jerônimos o
túmulo,
quando não morri.
Não morrerei, não
quero mais morrer.
Nem sou cativo ou
mendigo
de uma pátria. Mas da
língua
que me conhece e
espera.
E a razão que não me
dais,
eu crio. Jamais
pensei
ser pai de tantos
filhos.
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