POEMA DE ORLANDO DA COSTA PARA
MARIA LAMAS
Porque trazes na voz a voz das
companheiras
Companheira te chamamos
Companheira te chamamos
Porque no teu olhar se alargam os
olhos que semeiam e vigiam
o sol a todas as alturas, o sol dos meninos e das colheitas
Porque nele se tornam mais límpidos os olhos das namoradas
Companheira te chamamos
o sol a todas as alturas, o sol dos meninos e das colheitas
Porque nele se tornam mais límpidos os olhos das namoradas
Companheira te chamamos
Porque nele gelam as lágrimas do
medo e da dor
Gelam e estalam desfeitas num pranto de calor
Gelam e estalam desfeitas num pranto de calor
Porque nos teus olhos continuam acesos os olhos vendados de encontro às paredes
Porque trazes no peito o sopro das
nossas irmãs
O sopro resoluto do trabalho, o verde e dourado sopro que branqueia o pão
O sopro das que amam
E amando crescem e envelhecem ao nosso lado
Das que amam
E amando tombam em cada dia num só momento por milhões partilhado
O sopro resoluto do trabalho, o verde e dourado sopro que branqueia o pão
O sopro das que amam
E amando crescem e envelhecem ao nosso lado
Das que amam
E amando tombam em cada dia num só momento por milhões partilhado
Porque caminhas na terra dividida
Por uma estrada aberta pelo esforço dos povos
Onde cada presença é um apelo e cada apelo uma conquista
Porque até o sol remoça na neve tranquila dos teus cabelos
E o vento sopra-te com a mesma força que a nós
Companheira te chamamos
Por uma estrada aberta pelo esforço dos povos
Onde cada presença é um apelo e cada apelo uma conquista
Porque até o sol remoça na neve tranquila dos teus cabelos
E o vento sopra-te com a mesma força que a nós
Companheira te chamamos
Porque as palavras na tua boca
Têm a medida do mundo e a face dos mortais
Porque no teu ventre a fome e a vida se completam
Porque no teu rosto fala o tempo até nós
Mãe te chamaríamos
Companheira te chamamos.
Têm a medida do mundo e a face dos mortais
Porque no teu ventre a fome e a vida se completam
Porque no teu rosto fala o tempo até nós
Mãe te chamaríamos
Companheira te chamamos.
Poema de
1955, à data com publicação proibida
in Sete Odes do Canto Comum
(guardado no espólio da PIDE, na Torre do Tombo),
in Sete Odes do Canto Comum
(guardado no espólio da PIDE, na Torre do Tombo),
recolhido pela Doutora Regina Marques,
lido na Homenagem a Maria Lamas,
na Biblioteca-Museu República e Resistência
lido na Homenagem a Maria Lamas,
na Biblioteca-Museu República e Resistência
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